marilia furman: contramemória, theatro municipal

Marilia Furman participa da exposição Contramemória com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro. A mostra acontece no Theatro Municipal – o mesmo local que abrigou a Semana de Arte Moderna de 1922 – com o intuito de reler e traduzir criticamente o ambiente cultural do evento para os dias atuais.

"O movimento tinha a intenção de varrer o passadismo – combater o darwinismo racial ainda em voga, assim como o parnasianismo literário e o academicismo artístico. No entanto, passado um século, fica evidente o perfil de classe, gênero, sexo e raça que uniu os participantes, nesta que foi uma semana de arte moderna em São Paulo e não de São Paulo. (...) O grupo, formado majoritariamente por pessoas ligadas às elites do café, tinha trânsito na Europa e conhecia as vanguardas artísticas que por lá faziam sucesso. E trouxe para cá uma lufada de novidades – essa possibilidade de o país se “descatequizar” e se “abrasileirar”.

É marcante realizar esta exposição no próprio Theatro Municipal de São Paulo, edifício que, inaugurado em 1903, que continua sendo palco do passado e do presente – verdadeiro cartão-postal da cidade. Nele, a arquitetura grandiosa, oscilando entre o art nouveau e o neoclássico, está em sintonia com as altas projeções e a profunda autoestima das elites paulistanas do início do século XX.

Ao mesmo tempo, 'Contramemória' tem a intenção de produzir dissonância na ordem que parece imperar no prédio. Trabalhos de artistas negros, indígenas, trans, mulheres e de várias gerações, introduzem um sonoro ruído, por meio do contraste e da fricção que estabelecem com as esculturas acadêmicas, as pinturas de inspiração europeia e a arquitetura rebuscada."


Contramemória
Curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro
18 abril – 05 junho 2022

Theatro Municipal
Praça Ramos de Azevedo, s/n
São Paulo


 

foto: jeniffer estevam

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