zoe leonard: eu quero um presidente
A Central participa de Eu Quero Um Presidente, uma ação coletiva que reúne mais de 30 galerias, espaços autônomos e instituições culturais de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Essa ação visa revisitar o texto da artista e ativista Zoe Leonard, escrito originalmente em 1992, intitulado I want a president. O projeto tem a intenção de formar um coro uníssono com múltiplas vozes, sempre acreditando no poder da arte de impactar as pessoas.
A artista e ativista Zoe Leonard (n. 1961, EUA) escreveu I want a president [Eu quero um presidente], inspirada pelo anúncio simbólico da candidatura independente da artista Eileen Myles em 1992 (Bush x Clinton). Em seu texto, Leonard expressa o desejo de ver um grupo mais diversificado de candidatos eleitos, com lutas e experiências que a maioria dos representantes não possuía ou nunca teve que enfrentar. O poema começa com a frase "Eu quero um sapatão/dyke para presidente" e continua com uma série de declarações "Eu quero..." descrevendo os tipos de pessoas que ela gostaria de ver como presidente. O impacto desse texto em 1992 foi enorme. O documento, fotocopiado, distribuído, compartilhado, reinterpretado, bem antes do advento da internet.
Mais recentemente, em 2016, após o resultado das eleições estadunidenses (Trump
x Hillary), houve um interesse renovado no trabalho. Foi descrito como "um poema devastador e lendário... um espelho assustadoramente pungente para o resultado da eleição presidencial e um reflexo de nossos pesadelos coletivos”. Com curadoria de Cecilia Alemani, o texto foi instalado em sua versão original no Highline de Nova York, num mural de 6 x 9 metros. Atraiu multidões, permanecendo atemporal quase 25 anos depois que foi escrito.
Em nome da transparência, é preciso lembrar que Zoe Leonard diz que não usaria
as mesmas palavras ou idéias em um texto escrito hoje, pois vivemos em um mundo diferente, mas aprecia o fato de que ele abre uma discussão sobre como as coisas mudaram, ou não, desde então. "Estou interessada no espaço que este texto abre para que possamos imaginar e expressar o que queremos em nossos líderes e, além disso, o que podemos vislumbrar para o futuro de nossa sociedade."
Com isso em mente, e com a permissão e “bênção” da artista e da galeria Hauser & Wirth, adaptamos o texto para a realidade brasileira de hoje. Esse poema deve ser revisitado à luz do obscuro momento político que atravessamos.